Detalhe da Ilustração, a imagem é composta pelos versos do poema.
Ilustração para o poema No hay puertas, da poeta argentina Olga Orozco.
Nanquim e Lapis sobre tela.
A Estética da Delicadeza

A imagem de uma mulher, uma atmosfera repleta de interrogações e a presença do texto poeticamente colocado são três aspectos importantes na representação criada por Leila Monségur para dialogar com a poeta Olga Orozco (Toay, La Pampa, 1920 – Buenos Aires, 1999). A harmonia interna da criação estabelece um clima mágico que conquista o observador.
A poética maneira de mostrar a figura feminina constata um diálogo delicado entre a artista plástica e a escritora. Tal vez uma das características mais interessantes da obra em exposição seja a misteriosa presença da mulher, com todas suas ambiguidades, no lado esquerdo da tela.
Muito mais que uma figura com sexualidade definida, estamos perante uma esfinge.
É esse clima instaurado na imagem que remete ao universo poético de Olga Orozco. As duas mulheres se encontram no mérito de conceber a realidade como um universo pleno de possibilidades, em que existiria um risco estético que ambas não se permitem: o de abrir mão das sugestões e cair em alguma resposta mais evidente.
Leila e Olga conseguem, cada uma na linguagem que escolheram para recriar as suas relações com o mundo, transformar uma poesia muito especial e específica. Optam pela sutileza e nunca pelo obvio, numa caminhada em que o saber gerar perguntas no observador é uma qualidade a ser estimulada.

Oscar D`Ambrosio, doutorando em Educação, Arte e Historia da Cultura na Universidade Mackenzie, é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de artes da Unesp. Integra a Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA-Seção Brasil).
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